segunda-feira, 15 de setembro de 2008

História resumida de Chão de Couce

As origens históricas de Chão de Couce perdem-se no tempo, sobretudo as relativas a épocas mais remotas, devido essencialmente a faltas de fontes de informação. No entanto, há vestígios arqueológicos que atestam a presença humana nesta região durante a Pré-História e, relativamente à ocupação romana, as fontes referem alguns vestígios da via romana de Conímbriga a Sellium (Tomar), que passaria na zona do Pontão.
A mais antiga informação escrita de que há conhecimento relativamente a Chão de Couce, refere-se à Quinta se Cima, onde actualmente permanece uma casa de habitação, que atesta a sua nobreza na existência de uma capela particular dedicada, originalmente, à Nossa Senhora do Rosário. Sendo esta propriedade, dos primeiros reis de Portugal, há registo da sua doação com a designação de Quinta de Chão de Couce, feita por D. Afonso III, a D. Constança Gil, dama da rainha D. Beatriz, como dote de casamento, em 5 de Fevereiro de 1258.
Posteriormente, esta Quinta passou por vários proprietários: Conde de Barcelos, Mosteiro de Santo Tirso, D. Dinis, novamente Mosteiro de Santo Tirso e João Afonso, genro de D. Dinis.
Em 1371, a Quinta de Cima foi habitada por D. Fernando e D. Leonor Teles, para ali esconderem os seus amores tão contestados na época. Em carta de 4 de Junho de 1451, Afonso V, fez a doação da quinta, ao Conde de Vila Real, D. Pedro de Meneses.
Em 12 de Novembro de 1514, D. Manuel I, deu foral “pera a villa do Couce”, bem como às vilas de Avelar, Pousaflores, Aguda e Maçãs de D. Maria. Este conjunto de vilas passou a ser designado por “Cinco Vilas” sendo o centro desta unidade, a cabeça, Chão de Couce.
A concessão de um foral, para além de elevar uma povoação a vila, libertava-a de dependências relativas a outra vila ou cidade, passando a necessitar de certos símbolos do poder. Um deles é o pelourinho – a marca da jurisdição e da justiça na área concelhia. O que existe actualmente em Chão de Couce, não é o original, em virtude da deterioração de que foi alvo, trata-se de uma reconstituição.
Mais tarde, estes forais foram confirmados por Filipe I em 7 de Outubro de 1594.
A Quinta de Cima passou para a Coroa em 1641 e para a Casa do Infantado até 1834, vindo posteriormente a passar para as mãos de particulares, primeiro como propriedade aforada, ao Sr. António Lopes do Rego, Sargento-Mor e Cavaleiro da Ordem de Cristo, antepassado dos actuais proprietários, que em 25 de Novembro de 1851, a remiu pela quantia de 162$240 rs.
Em 31 de Dezembro de 1836, com a divisão territorial, os cinco concelhos da comarca das Cinco Vilas passaram a integrar dois concelhos criados então, o de Chão de Couce, com as freguesias de chão de Couce, Avelar e Pousaflores e o de Maçãs de D. Maria, com Maçãs de D. Maria, Aguda e Arega.
Em 1855, por decreto de 24 de Outubro é extinto o concelho de Chão de Couce, passando esta freguesia, bem como o de Avelar e Pousaflores a integrar o concelho de Figueiró dos Vinhos. Finalmente, por decreto de 7 de Setembro de 1895 passou Chão de Couce a integrar o concelho de Ansião ao qual ainda hoje pertence.
Relativamente à designação primitiva de Chão de Couce, a maioria dos documentos referem-se a “Couce” e, nomeadamente à quinta deste nome, como referido anteriormente. “Couce”, etimologicamente advém de um antigo vocábulo português, paralelo ao galego “couce”- levada, vala de regas, conduta de fonte, com base no latim cálice>calce>couce, relacionado, provavelmente, com a abundância de água e com a fertilidade do terreno desta região. Mas, um documento relativo a um censo mandado executar por D. João III, refere a vila com Palhaes, o que leva a concluir que: à vila propriamente dita se chamaria Palhaes e Chão de Couce, corresponderia a uma região territorial mais vasta. Com o passar dos anos, a primitiva designação ter-se-á abandonado ficando Chão de Couce a designar a vila sede de freguesia, que hoje é a terceira mais populosa do concelho de Ansião.
No que respeita a património arquitectónico de relevo, em Chão de Couce, destacamos, para além da já referida Quinta de Cima, a Igreja matiz, um templo moderno, de uma só nave. Na capela-mor encontra-se o belíssimo retábulo oferecido por José Malhoa, datado de 1933 e que representa o orago: Nossa Senhora da Consolação. O artista, frequentemente esteve instalado em Chão de Couce (terra que apreciava), na quinta de Cima, a convite do Sr. Dr. Alberto Rego e da Sra. D. Elvira Rego, anteriores proprietários, de quem era amigo e, quando da colocação do retábulo na igreja, foi-lhe oferecida uma festa de homenagem, que os presentes recordam como inesquecível, tendo emocionado muito o “mestre”, como era referenciado.
Tanto a nave como a capela-mor são decoradas com azulejos de figuras azuis e branco, assinados pelo ceramista contemporâneo Mário Reis, discípulo de Columbano. No alto da fachada exterior encontram-se também dois painéis de azulejos modernos do mesmo autor.
As principais actividades económicas da freguesia de Chão de Couce são: agricultura, extracção de pedra, indústria de madeira de mármore, de sinalização vertical, de órgãos musicais, de alumínios, gráfica e serralharia, comércio e serviços.
Em termos de vida associativa e de instituições de carácter social e religioso, Chão de Couce tem alguma vitalidade. Passamos a caracterizar brevemente as forças existentes.
A Associação Cultural e Recreativa Margaridas da Serra, mais conhecida pelo seu Rancho folclórico, com sede na Serra do Mouro, foi fundado em 28 de Maio de 1985. Este grupo procura reviver a tradição de danças e cantares da nossa região, dedicando-se à pesquisa e recolha de danças e cantares na tradição oral.
A Associação de Cultura, Recreio e Beneficência, à data da sua fundação, em 15 de Abril de 1941, visava promover actos de beneficência, ajudando os mais desfavorecidos, bem como, fomentar a ocupação de tempos livres e a valorização cultural, incentivando o espírito associativo. De todos estes objectivos, os relativos à cultura têm sido os de maior peso na actividade da associação, destacando-se a criação do orfeão em 1941, pelo Dr. D. João Pais de Almeida e Silva, que alcançou alguns êxitos, tendo chegado a actuar no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Teve um interregno a partir de 1944 devido à II Guerra Mundial, vindo a renascer em 1961, ano em que foi inaugurada a sede da associação.
Actualmente, conta com cerca de 560 sócios e como principais actividades destacam-se o festival da Canção jovem (normalmente em Setembro) e a ocupação dos Tempos Livres para os mais jovens.
O Centro de Bem-estar Social é uma obra de carácter paroquial e iniciou a sua actividade em 1 de Outubro de 1972. Actualmente tem três valências: Creche, Jardim de Infância e O. T. L.
O Centro Pastoral da Região Sul foi inaugurado em 28 de Abril de 1988, servindo os concelhos da região Sul da Diocese de Coimbra.
A Fundação D. Fernanda Marques, tem origem numa decisão de dois naturais de Chão de Couce tendo sido inaugurado sob a presidência do Ministro da Saúde de então Dr. Arlindo de Carvalho. Actualmente tem tês valências: Lar de Idosos, Centro de Dia e Apoio Domiciliário
O Lusitano Ginásio de Chão de Couce é o clube desportivo da freguesia, que vem desenvolvendo uma obra vasta na promoção do desporto e ocupação dos tempos livres dos jovens.

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